Todo
mundo sabe que nesse final de semana que nos deixou, a maravilhosa e aclamada
prova do ENEM foi feita por milhares de brasileiros — me incluam nesses milhares. Sei que hoje é quarta e já passou
muito tempo desde os ocorridos (na internet as coisas voam), mas como disse um
amigo meu “nunca é tarde”. Então vamos lá.
Sábado, dia 24 de outubro de 2015: primeiro dia de prova.
Mesmo sem saber exatamente como chegar na maldita escola, eu
estava tranquilão em questão de horário. Tanto é que acordei às nove da manhã,
pra sair as onze, porque não queria ser um dos que apareceriam na rede globo de
televisão chegando atrasado ou chegando super em cima da hora e tendo que
correr igual o papa léguas fugindo do coiote pra entrar por uma fresta de portão.
Pois bem, estava eu acordado as nove, lutando contra aqueles
meus dois bons e velhos amigos: Soninho Gostoso e Preguiça Safada, que não
queriam deixar que eu levantasse. Mas eu fui mais forte que esses dois, e
consegui derrotá-los. Estava eu de pé, ligando o computador, indo lavar o
rosto, escovar os dentes e esperar minha avó chegar (uma outra história pra um
outro dia). Só tinha um pequeno, nada demais, nem um pouco problemático,
problema nesse meu plano todo: eu não tinha dinheiro. Eu tinha esquecido de
pedir para minha senhoria (conhecida como minha mãe) para deixar alguns papéis
coloridos pra mim. Pois é. Quem é que merece uns tabefes?
Chamei minha senhoria nos whatsapp — porque minha mãe
é muito moderna e usa e abusa de tal rede social — para comunicar minha
falta de verba para ir decidir o meu futuro. Putz, disse minha senhoria. Logo em
seguida ela me disse: “por que não disse mais cedo que eu deixava?”. Qual é
mãe, eram sete horas da manhã quando tu saiu. Ninguém funciona nesse horário da
madrugada. Enfim... Ela me ligou para podermos nos situar melhor sobre minha
situação financeira... Conseguimos resolver o problema da grana. Consegui uma
verba de vinte dinheiros. OLOKO, HEIN! Era uma merreca, se considerarmos que eu
teria que pagar dois dias de passagem idade e volta (porque a escola era longe)
e teria que comprar COMIDA porque não sou obrigado a passar fome fora de casa.
Para uma pessoa que tinha os planos de sair onze horas, eu
estava atrasado para um excelentíssimo senhor caralho. Fui sair de casa quase
ONZE E MEIA, por motivos de: dinheiro, banho e minha avó.
“Mas por que não tomou banho logo que levantou?” vocês devem
estar se perguntando. Pelo simples fato de não ser da conta de nenhum de vocês.
Amo vocês, tá?
Pois bem², conseguindo sair de casa, fui correndo até o
mercado comprar umas BOLACHAS (se você fala biscoito, saia daqui) e uma caneta
preta. Tudo okay? Tudo okay! Bora esperar o ônibus. Por sorte, alguém do andar
de cima estava torcendo por mim e mandou logo um ônibus.
Uns 15 minutos depois chego na rodoviária e desço na
integração. Um bilhão e meio de pessoas naquele lugar que estavam indo todas
fazer a mesma coisa que eu, mas em locais diferentes, amém. Nesse local,
encontro meu amiguinho Iago que estava indo fazer a prova também, mas em uma
escola diferente da minha. Papo vem, papo vai, decido perguntar para um dos
fiscais qual ônibus passava perto da fodendo escola para qual eu fui
encaminhando. Acompanhem:
— O moço, que ônibus passar perto da escola tal tal
tal?
— Meio dia e vinte, Vila Aurora.
Falando assim parece que foi rapidinho. Mas não. Pra alguém
que estava se sentindo atrasado, aquele ônibus demorou mais ou menos uma eternidade.
Eu já estava entrando em desespero. Meu deus, eu vou aparecer na globo! Eu não
quero isso pra mim! Tava bem desesperado.
Finalmente o maldito ônibus chegou. Eu já disse que eu não
sabia pra onde estava indo? Pois é...
Após muita demora, muito medo do horário, muitas voltas e
muitas pessoas no ônibus, finalmente cheguei. Uau! Faltando uns dez minutos
para uma hora. MEU DEUS HEIN.
(Por motivos de: ta ficando cansativo vou pular direito para os ocorridos da sala sala.)
Depois de a moça gata ter me dado aquele maldito saquinho guardador
de coisas, eu entrei na sala e vi mais uns trintas caras, e todos ocupavam
locais bons, o que significa que tive que sentar na primeira carteira de uma
das fileiras. Me sentia exposto.
Gente, eu tenho que contar como o orientador era atrapalhado,
meu deus. Ela fingia que sabia o que estava fazendo. Ri dele horrores, mas
internamente claro. Como se não bastasse o mr. Atrapalhado, me colocaram a moça
gata como orientadora 2 na sala. Para uma pessoa que tem déficit de atenção,
como eu, isso não é nada bom. Deu uma e meia começou os barulhos de papel se
abrindo de todo canto.
E aqueles textos? Meu deus. Dava pra ouvir os neurônios
dos meus concorrentes trabalhando duro. Tava bem complicado.
Passada mais ou menos uma hora de prova, geral começou a
sentir fome e ai já viram, né? Começa aquela sinfonia de embalagens sendo
abertas por todos os cantos, era uma agonia terrível. Mas como eu sou uma pessoa
bem má, e que gosta de ver o circo pegar fogo, só abri meu lindo pacote de
bolacha, depois que veio a calmaria. Queria que eles passassem a mesma agonia que passei quando eles começaram!
Em determinada hora eu perguntei se poderia ir ao banheiro.
Sim galeras, fui o garoto audacioso que tive coragem de pedir pra ir ao
banheiro. Fui o primeiro. Quando chego no banheiro, um cara com um detector de
metais na porra da porta do banheiro querendo me revistar e eu quase
explodindo com vontade jorrar meus líquidos. Fiz o que tinha que fazer, e quando saio, o cara passa aquele maldito detector de novo pelo meu lindo corpo. QUAL É? ACHOU QUE EU IA PEGAR UMA ESCUTA DENTRO DO BANHEIRO? Voltando pra
sala desencadeei uma leva de entra e sai de garotos da sala pra ir ao banheiro
que só por Deus, viu.
Hora vai, hora vem e eu na primeira questão ainda, tentando entender
o texto (que não implicava em nada com a pergunta, era só pra mexer com sua
massa cinzenta mesmo). Mentira, gente. Eu já tava bem adiantado, não tanto quanto os candidatos... Tinham se passadas
quatro horas e eu na questão quarenta. Pois é... Não trabalho bem em
ambientes hostis. Ainda mais com orientadoras gatas, pássaros e pessoas fazendo
uma festa em conjunto no lado de fora da escola e garotos saindo da sala a cada
dez segundos.
Em resumo o primeiro dia foi isso, um inferno, um caos, uma
cacetisse. Conto sobre o segundo dia depois.
ENEM vou falar sobre as questões de química.
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